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sábado, 29 de outubro de 2011

O Olhar Arteterapeutico Sobre a Dança


Este vídeo surgiu de um trabalho na pós graduação do qual a professora Eliana Nunes solicitou um
"olhar arteterapeutico" sobre algum grupo que usasse a arte.
Então fui na minha igreja: Igreja do Nazareno em Nova Iguaçu e colhi o material para este vídeo. Que daqui a algum tempo vai passar por mais transformações.
O vídeo é composto por uma introdução explicativa, a entrevista com a grupo e  a filmagem de sua apresentação.
O grupo escolhido foi um grupo feminino evangélico que se utiliza da dança espontanea na maioria das vezes como expressão de adoração.Os relatos mostram como a dança por si só já transforma a vida de quem a utiliza.

OLHAR ARTETERAPEUTICO SOBRE A DANÇA:

Um Caminho Dançante

     Na pré-história da humanidade, a dança era a forma do ritual religioso. O homem imitava as formas e movimentos da natureza com o desejo de chegar a perfeição. A dança simbolizava a harmonia das leis da terra e do céu. O homem integrado com a natureza dançava os ritmos cíclicos da vida. O ser humano dançava porque era sagrado, por isso vivia ritualizando e celebrando passagens de ciclos.
     A história de Davi na bíblia dançando “com todas as suas forças diante do Senhor”, enquanto conduzia o séqüito que trazia a arca de volta para Jerusalém, é vista por muitos como a sanção bíblica mais convincente para a dança religiosa no contexto do culto divino.
     Para todos os povos de todos os tempos, dançar era expressar através do corpo e de seus movimentos significativos, as experiências vitais que ultrapassam os limites da palavra, do discurso verbal. Na dança, a manifestação das emoções é sempre vista como um ato sagrado, aproximando o indivíduo a sua comunidade das forças naturais transcendentes: Deus, o Amor e a Morte, por exemplo.
     Através da música e da dança o povo constrói a sua história, por meio de movimentos, gestos, de cantos, de ritmos, e de melodias, utilizando manifestações de voz e de corpo simbólicas. Quando um povo está em contato com seu ser interior, ele está em contato com o sagrado, então ele dança e onde o homem dança, a dança é sagrada. Está ligada ao trabalho, a festa e a religião. O homem antigo dançou em todos os momentos solenes da sua existência. Dançar era inseparável do viver cotidiano, uma arte que nasceu do fogo inicial do entusiasmo e cresceu como expressão coletiva.
“E Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor;... Mical, filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo ao rei Davi saltando e dançando diante do Senhor....”( II Samuel 6:14 e 16)
     As danças sempre estiveram na história da humanidade – nos nascimentos, plantio, colheita, chegada das chuvas, primavera, morte e refletiam a necessidade de comunhão, celebração e união entre as pessoas.
     No Brasil, a maioria das danças tem origem religiosa e permanecem ligadas as festas católicas, evangélicas, aos cultos afro-brasileiro e às cerimônias indígenas. São expressões essencialmente ligadas às vidas das comunidades, aos seus ciclos festivos e aos calendários como folias, carnaval, festa junina, folclore e etc.
      A dança estimula o sentimento coletivo, traz comunhão aos seres vivos,  a solidariedade social e o espírito de cooperação, é uma consolidação de identidade, de cultura, de costumes e de tradições, é o poder de transcendência da comunidade. Reflexão do trabalho em equipe, desperta da criatividade, a integração dos hemisférios cerebrais, ativação corporal e uma conexão com seu eu superior.
     A dança sagrada é porque permitem que os participantes entrem em contato com sua essência, com seu Eu Superior, no momento deste contato, temos a união do corpo (matéria) com o espírito. Dançando, nosso corpo se expressa através do movimento e aquieta a mente, aproximando pessoas e promovendo uma integração física, mental, emocional e espiritual.
A Dança e a Psicologia Junguiana
     O corpo esta sempre descarregando sentidos, da vivencia dos aspectos expressivos e integrativos representando símbolos através da expressão corporal. O movimento é a expressão particular de cada pessoa, revelando involuntariamente, suas mais íntimas características psíquicas. Ele traz consigo, invariavelmente, aspectos conscientes e inconscientes, culturais, sociais, afetivos, simbólicos e assimila informações. O corpo, ao contrário do clichê, nome de livro, não só fala. O corpo também tem memória, escuta e elabora, pensa, simboliza, identifica sentidos, aquilo que de alguma forma tem valor para o indivíduo.
     Considerando a experiência sensível do movimento uma oportunidade para a elaboração interna e dessa elaboração desenvolver o conhecimento das próprias habilidades, de seu repertório expressivo e, simultaneamente, integrar processos psíquicos ainda não conscientes, poderemos destacar que o corpo compreende à sua maneira como integrar e expressar esses processos. Ele tem uma linguagem própria que foge de códigos pré-estabelecidos ou racionais.
     O princípio essencial da dança como técnica expressiva é a autonomia do indivíduo em investigar-se em movimento de tal forma que identifique a si mesmo, ou seja: descubra seu corpo e seus aspectos sensíveis e simbólicos.
     No desenvolvimento desse trabalho identificamos que, articular o corpo, às emoções, às imagens simbólicas, ao mesmo tempo em que o movimento é buscado em sua forma mais crua, ele, o corpo, transborda elementos que se alimentam mutuamente: significados se desdobram em movimentos, movimentos resgatam significados.
     Para Jung o processo criativo consiste (até onde nos é dado segui-lo) numa ativação mais profunda do inconsciente e numa elaboração e formalização na obra acabada. À camada mais profunda do inconsciente, nesse contexto, C. G. Jung refere-se aos arquétipos, marcas do inconsciente coletivo partilhadas pela humanidade e que resgata no indivíduo um senso de unidade, de ter um lugar no mundo. Para ele, a arte seria então, uma forma de tornar mais acessível e consciente esse processo de percepção de elementos não facilmente verbalizáveis e não cognitivos; forma de conhecimento mais complexo e total por ser vivencial
     Os conteúdos simbólicos podem, pela vivência poética da dança, ser requisitados para um diálogo sincero de aproximação, de acolhimento e de transformação. O resultado é: equilíbrio emocional, equilíbrio corporal.
     Ainda segundo Jung, nossa meta como seres humanos é a individuação, um processo natural de amadurecimento.  É o caminho da plenitude, do encontro do Self. Quando Jung fala de individuação, refere-se ao caminho que é orientado pelos símbolos arquetípicos que emergem espontaneamente como na dança, de acordo com a natureza do indivíduo.
     Todos nós temos nossas identificações simbólicas com algum aspecto comum à humanidade, esses momentos de identificação não são mensuráveis. A arte possibilita esses momentos de encontro.
     Já que desde os primórdios da humanidade é através do movimento (corpo expressivo) que o ser humano percebe, identifica, explora e relaciona-se com o mundo, com o cosmos, com o outro e consigo mesmo.
A Dança Criativa é uma exploração livre do movimento criativo de cada pessoa. Tem uma componente de aprendizagem, através do jogo, que desenvolve as capacidades psico-motoras, bem como a cooperação na formação individual e da personalidade de cada um. Atua de forma descontraída, para que cada cliente dance livremente e se sinta capaz de ajudar na construção de uma coreografia.
A Dança e a Bíblia.
 O cristianismo tem sua origem no judaísmo e por isso alguns costumes, como a dança e sua importância transcendeu a história e hoje continua tendo sua importância com o mesmo sentido: adorar ao seu Deus. A bíblia está repleta de exemplos onde a dança estava presente: a filha de Jefté dançou para celebrar a vitória de seu pai sobre os amonitas (Juízes 11:34); mulheres dançaram para celebrar a matança dos Filisteus por Davi (I Samuel 18:6; 21:11; 29:5) e Miriam e as mulheres dançaram para celebrar a Deus a vitória sobre o exército egípcio (Êxodo 15:20).  A dança de Miriam pode ser vista como religiosa (em adoração ao seu Deus), mas havia também danças em relação às festividades anuais, elas eram celebrações sociais de eventos religiosos.
A dança na Bíblia era uma celebração social de eventos especiais, como uma vitória militar, um festival religioso, ou uma reunião familiar. Dança era realizada principalmente por mulheres e crianças.
     O grupo escolhido é composto por mulheres evangélicas, que tem a bíblia como um referencial para suas vidas e para a ministração da dança.
GRUPO KADOSHI: Expressando Adoração Através dos Movimentos
     Kadoshi significa santo, santidade no hebraico, sendo santo uma qualidade de Deus e santidade uma separação, dedicação total a Deus. O grupo feminino se formou este ano com o objetivo de ser uma ferramenta, um departamento ou ministério, como chamam, para adorar, honrar a Deus e alcançar, tocar vidas através da dança, de sua expressão corporal.
    O grupo se originou este ano e permanece até hoje no seu lugar de origem, a Igreja do Nazareno Central em Nova Iguaçu. Esta igreja tem outros grupos de dança, porém a escolha do Kadoshi foi principalmente pelo seu foco na Dança Criativa, espontânea em que as integrantes interpretam de forma espontânea como querem interpretar as músicas, de acordo com suas vivencias e simbolismo.
    O grupo hoje é formado de sua líder e mais duas integrantes, coincidentemente casadas, com suas famílias na mesma igreja. Duas integrantes com experiências transformadoras com a dança. Uma relata que ainda é uma mulher tímida, porém melhorou um pouco, mas o que realmente a surpreende é que apesar de ser muito tímida quando esta representando, dançando, não vê ninguém, suas dificuldades neste momento se apagam e ela dança livremente, com muita segurança, se surpreendendo até hoje, como se ninguém estivesse diante dela. R., relata que a dança trouxe além da surpresa, prazer para sua vida.
    A outra integrante E., relata que a dança sempre foi vivida com muita intensidade para ela em seu meio social, mas quando passou a participar deste grupo de dança da igreja teve sua vida transformada, pois a dança a fez se tornar uma mulher mais segura, com auto estima, se sentindo capaz, o que antes não sentia sobre si mesmo. Hoje voltou a estudar, melhorou sua relação com seus filhos, com ela mesma se arrumando, se cuidando mais e com tudo a sua volta.
Na verdade o que ambas relatam tem tudo haver com as personagens centrais das músicas que ministram. R., a tímida é a personagem principal de uma música que pede a Deus para remover sua dificuldade, um trecho da música diz “transforma minha vida meu estado” e a outra música que dançaram, E., era a personagem principal e esta teve sua vida transformada, se tornando uma mulher de auto estima, que dá bons frutos, como mostram algumas fotos.
    O grupo usa muito véus coloridos. A líder informou que há todo um simbolismo na escolha da cor das roupas e do véu. Cada cor simbolizando uma coisa com o qual a música está ministrando.
 NAGEM, Denise. Danças Circulares Sagradas. Disponível em:<http://elcaminanteblanco.es.tl/Dan%E7as-Circulares-_-Denise-Nagem.htm%3E.Acesso em 01 de outubro de 2011.

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